sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A BORBOLETA QUEIXANDO-SE AO POETA

Oh, dourada borboleta
Que ostentas a honra
De visitar nos jardins cada flor,
Põe sobre o teu dorso
A rosa mais bela e fresca,
Traze-a para eu dá-la de presente
Ao meu amor.
Ah, poeta, retrucou a voadora:
Que jardins, que flores?
Não sabes tu, ó sonhador,
Que vagueio por todo o dia, quase,
Sem encontrar um só jardim
Onde haja alguma flor
Para pousar minhas asinhas fatigadas?
E continuou o lepdóptero cansado:
Foi-se o ar puro dos campos,
A fonte de água fresca está toldada.
O vento já não refresca como outrora.
Pelo contrário, arde em contato com os raios solares.
Não sei por quanto tempo
Resistirei a tudo isso.
Talvez, quando irada, a natureza,
Revoltar-se contra todos,
E aplacar seu furor contra nós,
Aí, então, descansaremos inertes,
Sob o pó que outrora formara o globo.
(Chiquinho)